Apaguei a luz… começou com um latido bem ao fundo quase imperceptível, aos poucos sumindo e sendo substituído por um som maior, uma vibração mais forte, a maquina de costura. Abafou praticamente todos os sons, os da rua e das finas gotas de chuva. Foi assim indo e vindo durante o processo.
Aos intervalos desse som surgia vozes, dos meus pais conversando na sala sobre um programa de televisão. Meu pai assistindo e comentando sobre alguns aspectos da atração, já minha mãe intercalando entre dar uma resposta e costurar, uma costura sem fim. Não gosto desse som, do motor girando e reverberando alto, às vezes desperta uma certa aflição.
Aconteceu algo, talvez algo ou alguém passando pela rua. Os latidos voltaram novamente, não apenas um, mas a população inteira do final da rua. Deve ter sido um gato. Os cachorros daqui implicam com eles, talvez pela liberdade diferente que possuem.
Ao final do tempo, dos quatro minutos propostos outras vozes apareceram, pessoas na rua conversando, duas vozes diferentes, baixas e continuas até que foram sumindo. Novamente a atenção cessa e a máquina volta a costurar… costura sem fim, até o despertador tocar. É o fim, fim de quatro longos minutos.
Dados da imagem: Photo by Vladimir Fedotov on Unsplash
