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Precisamos falar sobre a Síndrome da Impostora

by Ana Flávia

A Síndrome da Impostora está sendo cada vez mais discutida e comentada em diversos sites e blogs, mas você sabe o esse termo significa? A Síndrome da Impostora é uma sensação na qual a pessoa se considera incapaz e desqualificada dentro do ambiente de trabalho. Atribuindo o sucesso a fatores externos, como a sorte, o destino ou a ajuda de outras pessoas. Esse sentimento pode aparecer em diferentes situações, levando a pessoa se sentir uma fraude diante de determinada atividade, função ou cargo.

Essa síndrome é identificada na maioria das vezes em mulheres, esse fato é atribuído pela escritora e colunista do El País, Silvia C. Carpallo, como a falta de autoestima para desempenhar uma função em espaços tradicionalmente masculinos, levando as mulheres a trabalharem em dobro e ainda sim não sentirem dignas de realizar certas tarefas.

O fenômeno começou a ser estudado no final da década de 70, pelas psicólogas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes. Nessa análise, as duas estudaram a vida profissional e acadêmica de mulheres bem-sucedidas da época. Os resultados apontaram que essas mulheres tinham em comum o que podemos chamar de “episódios de faude”. Elas regularmente não sentiam merecedoras de ocupar certos cargos ou até mesmo desqualificadas para determinadas atividades.

É importante saber identificar se você também sofre com essa condição, pois segundo a psicóloga Cristina Callao, pessoas com a síndrome podem apresentar problemas gastrointestinais, enxaquecas, tensão ou dor muscular, insônia, apatia, condutas de desordem nos hábitos alimentares, e entre outros sintomas.

Para conversar e aprofundar um pouco mais sobre esse assunto a equipe do BeloriNews convidou Thaís Lopes, uma das idealizadoras do projeto Ex-impostoras.

B: Quais são os principais gatilhos podem desencadear essa síndrome?

T: Falando especialmente das mulheres, que são o foco da Ex-Impostoras, o machismo estrutural na sociedade que vivemos é um dos principais fatores. Desde cedo, os meninos são encorajados a assumirem posições de poder e se sentirem confiantes diante disso, mas as meninas não. Quando crescemos e chegamos no mercado de trabalho, percebemos que, se quisermos ser valorizadas, precisamos ser melhores que os homens para ter o mesmo destaque. Se formos além das questões de gênero e falarmos sobre mulheres pretas, trans e outros grupos, a situação fica ainda pior. Isso gera uma autocobrança enorme em nós, especialmente quando sentimos que estamos em lugares que não pertencemos e precisamos nos provar competentes e fortes o tempo inteiro para estar ali.

B: Quais mecanismos podemos usar para combater a Síndrome da Impostora?

T: Por experiência própria, aprendi que contar com uma rede de apoio é a melhor forma de lidar com a síndrome da impostora. Poder falar abertamente sobre o assunto, com pessoas que não irão nos julgar, faz a gente perceber que não estamos sozinhas no jogo. Mas vou deixar mais uma dica de ouro: escreva todas as suas conquistas em um lugar que você possa consultar sempre que a insegurança bater forte. Anote todas as situações em que você mostrou que é capaz de fazer o que quiser – sua formatura, aquela apresentação na faculdade, a vaga de emprego que você tanto queria, etc. Isso vai te ajudar a lembrar que você não é uma fraude.

Ex-impostoras

O projeto que nasceu em 8 de março de 2020, tem como objetivo de falar abertamente sobre a síndrome. Thaís e sua colega Kamila trabalhavam juntas e constantemente conversavam sobre ideias e projetos que gostariam de tirar do papel, mas não acreditavam serem boas o suficiente para isso. Até que um dia elas decidiram criar um projeto para falar sobre esse sentimento de incapacidade com outras mulheres. O Instagram do projeto é @eximpostoras, por lá você poderá encontrar diversos conteúdos dentro dessa temática e acompanhar as postagens.

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