Home Cotidiano Defendidos por Bolsonaro, Cloroquina e “Kit Covid” não são eficazes contra o novo coronavírus, afirma Ministério da Saúde

Defendidos por Bolsonaro, Cloroquina e “Kit Covid” não são eficazes contra o novo coronavírus, afirma Ministério da Saúde

by João Pedro Martins

O Ministério da Saúde enviou hoje (14) um parecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid no Senado em que afirma que cloroquina e hidroxicloroquina não tem eficácia contra o novo coronavírus. Além desses remédios, outros produtos do chamado  “kit Covid” também foram classificados pela pasta como ineficazes na luta contra a pandemia. 

Em certo trecho, o documento enviado à CPI afirma que “alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente.”

O documento frisa ainda que “a ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”.

Posicionamento de especialistas

Apesar das afirmações da pasta terem acontecido apenas nesta quarta-feira, vários especialistas da área já haviam alertado para a inutilidade dos remédios para o fim de combater a covid-19. 

A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou um boletim em março deste ano, 2021, em que diz: “Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida.”

A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) se colocaram contra o uso indiscriminado do remédio. Os responsáveis afirmaram que “as evidências disponíveis não sugerem benefício clinicamente significativo”. E, além disso, representam risco moderado de problemas cardiovasculares nos pacientes, como arritmia.

Na época em que deram esta declaração, as entidades ainda ponderaram que o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina só pode ser considerado, casos graves, de pessoas hospitalizadas, em “decisão compartilhada entre o médico e o paciente”. 

Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), bem como parlamentares ligados ao seu governo, já fizeram publicidade destes medicamentos diversas vezes. Relembre algumas das falas do líder do executivo nacional a respeito do assunto:

• 21/6: “Lamento todos os mortos, lamento muito. Qualquer morte é uma dor para a família e nós, desde o começo, o governo federal teve coragem de falar em tratamento precoce. E alguns até dizem, como está sendo conduzida essa questão, parece que é melhor se consultar com jornalistas do que médicos. Tem município que eu vou estar agora, novamente em Chapecó, que está sendo conhecido como a “cidade do tratamento precoce.”

“Temos um grande exemplo no mundo que é o Congresso americano: está apurando a origem do vírus e bem como do por que desse trabalho mundial contra o tratamento precoce. É a primeira vez na história que a gente está vendo que se busca atender as pessoas depois de elas estarem hospitalizadas. Sempre se falou em tratamento precoce para mulher, homem e assim os médicos sempre falam dessa maneira. Não sei por que aqui você não pode falar em tratamento precoce no Brasil, eu sou a prova viva. Vocês, jornalistas, têm conhecimento de muita gente que tomou hidroxicloroquina, ivermectina para buscar minimizar os efeitos da covid”, acrescentou.”

• 07/05: “Resposta aos inquisidores da CPI sobre o tratamento precoce: uns médicos receitam Cloroquina; outros Ivermectina; e o terceiro grupo (o do Mandetta), manda o infectado ir para casa e só procurar um hospital quando sentir falta de ar (para ser entubado).”

• 15/01: “O ministro da Saúde (Eduardo Pazuello) esteve lá na segunda, providenciou oxigênio. Começou o tramento precoce, que alguns criticam. Quem critica, não tome. Fique tranquilo. Agora, tem médico que vai receitar e pode receitar tratamento precoce. Se o médico não quiser, procure outro médico. Não tem problema”.

“Não tem efeito colateral. Alguns (dizem): ‘a ciência’. Calma, rapaz. Esse medicamento, a hidroxicloroquina, são 70 anos. Não tem efeito colateral, não é possível. Se não surtir efeito, não vai acontecer nada pra ele (paciente). Agora, se esperar sentir falta de ar, for pro hospital pra ser entubado, mais ou menos 70% morrem. Vamos tomar cuidado.”

• 17/01: ““Não desisto do tratamento precoce, não desisto tá? A vacina é pra quem não pegou ainda. E essa vacina é 50% de eficácia, ou seja, jogar uma moedinha pra cima, é 50% de eficácia”.

Foto: (ADRIANO MACHADO / Reuters)

You may also like

Leave a Comment