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Sérgio Moro pede demissão após divergência com Bolsonaro

by Gabriel Barros

Sérgio Moro, anunciou, por volta das 11h40 da manhã de hoje, a sua demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O ex-juiz federal, que ganhou notoriedade com a Operação Lava Jato, alegou que o seu pedido de afastamento se deu pela motivação da decisão do presidente Jair Bolsonaro em exonerar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal (PF).

Moro disse a Bolsonaro que não se opunha à troca de comando na PF, desde que o presidente lhe apresentasse uma razão para isso. Segundo o agora ex-ministro, o motivo de Bolsonaro querer uma troca de Maurício Valeixo seria o da possibilidade de poder “colher” informações dentro da PF, como relatórios de inteligência, caso outro nome fosse nomeado para a direção-geral da PF.

Durante o pronunciamento, Sérgio Moro ainda evocou o nome do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff em uma comparação. Moro disse: “Imaginem se durante a própria Lava Jato, ministro, diretor-geral, presidente, a então presidente Dilma, o ex-presidente Luiz, ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento?”.

O ex-juiz defendeu a autonomia da Polícia Federal e disse que “é um valor fundamental que temos que preservar dentro de um estado de direito”. Em relação à troca de Valeixo por alguém que passasse informações a Bolsonaro, Moro ainda disse: “Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”.

Entre outras coisas que foram afirmadas durante o pronunciamento de hoje, Moro também negou que teria assinado a exoneração. “Eu não assinei esse decreto e em nenhum momento o diretor da PF apresentou um pedido oficial de exoneração”.

Marcada por contradições e interferências, a relação de Bolsonaro e Moro foi posta ao fim com o protagonista da prisão do ex-presidente Lula afirmando: “Tenho que preservar minha biografia, mas acima de tudo tenho que preservar o compromisso com o presidente de que seríamos firmes no combate à corrupção, a autonomia da PF contra interferências políticas”.

Sérgio Moro ainda fez questão de dizer que a única coisa que ele pediu ao Presidente quando foi-lhe oferecido o cargo é que a sua família ganhasse uma pensão caso algo de grave lhe acontecesse no exercício da função. Sobre a conversa, ele acrescentou: “Foi me prometido na ocasião carta branca para nomear todos os assessores, inclusive nos órgãos judiciais, como a Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal”.

Esta é a segunda demissão de um ministro em menos de dez dias. No dia 16 de Abril, Luiz Henrique Mandetta, que vinha sendo elogiado pela maior parte da população por sua conduta no enfrentamento ao coronavírus, também foi desligado do Governo Federal.

Um novo nome para a pasta da Justiça e Segurança Pública ainda não foi anunciado.

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