‘Nuvilíneas’, de Lara de Paula, reúne 52 relatos poéticos da busca por alívio, doses de beleza e arte no contexto do isolamento social. A obra foi escrita pela poeta nos 170 dias iniciais do Lockdown, em 2020, e nasce como respiro poético em tempos difíceis.
Em meio a tantas incertezas impostas pela pandemia, em Nuvilíneas, a poeta mineira Lara de Paula convida o leitor a desanuviar os pensamentos. Entre as colagens feitas pela própria artista e as costuras do livro produzido artesanalmente, em seu 1º livro solo, Lara de Paula reúne 52 relatos do cotidiano salpicados de poesia. O livro lançado no primeiro dia de julho, está à venda pela plataforma Evoé.
O projeto nasce com relatos de quarentena de Lara em um perfil do Instagram, intitulado como “Uma gota por dia”. Durante os primeiros 170 dias do Lockdown, iniciado em março de 2020 devido à pandemia da Covid-19, a autora postou um relato por dia. Ao ver que muitas pessoas se identificavam com suas reflexões pessoais, 52 dos relatos poéticos foram selecionados pela autora junto ao editor do livro, Iago Passos, para compor a coletânea. São 80 páginas que costuram sentimentos comuns entre leitores e a autora, mas que também convidam para uma experiência de autocuidado e para o encontro do alívio e do belo que existem em um cotidiano caótico. Lara de Paula, nascida em Sete Lagoas, explica que o projeto foi um alívio, uma forma de organizar os pensamentos, incertezas e sentimentos vivenciados durante o período inicial de isolamento em que esteve entre sua residência, em Belo Horizonte, e a da mãe em sua cidade natal.”Foi a forma que encontrei de restabelecer minha conexão com o mundo externo. Nuvilíneas nasce da observação de coisas cotidianas que me afetam individualmente, mas também conversa com as vivências de outras pessoas. Cada página toca a nossa humanidade e ao olhar poético que nos atravessa”.
O livro traz desde o título uma construção leve porém impactante assim como nuvens de pensamentos cuidadosamente organizadas em linhas. Em ‘Nuvilíneas’, a autora transmite toda a sua sensibilidade poética e capacidade de transportar o leitor para dentro deste universo. Lara de Paula faz com que os seus anseios, angústias, alegrias e sentimentos descritos em cada linha se cruzem com os de quem a lê. Para Oluwa Seyi, escritora, professora, doutoranda em letras pela USP e que assina o prefácio de Nuvilíneas, o livro é emocionante. “Enquanto eu fazia a primeira leitura dos textos, eu grifava frases, escolhas gramaticais, formas inusitadas e impactantes de dizer que me emocionaram várias e várias vezes. Preciso assumir que todas as páginas têm marcação. Eu costumo dizer que o elogio mais amoroso que uma pessoa que escreve pode fazer é: ‘eu gostaria de ter escrito isso’. E eu tive esse sentimento com pelo menos uma coisinha de todos os textos do Nuvilíneas” afirma.
Iago Passos, responsável pelo projeto gráfico do Nuvilíneas, destaca que o livro cumpre seu papel ao traduzir, em prosa poética, a verdade da autora. Ele elogia a coragem que Lara tem de expor, e por isso cria uma identificação mais profunda com quem está lendo. “Lara escorre sua escrita e vez ou outra consegue respirar, o que é importante, mas o que também importa – e a respeito disso Lara está ciente – é ter coragem de se expor em construção, de sublimar em poesia os seus anseios e angústias que, de tão seus, acaba que também são nossos, tenhamos ou não a mesma coragem de assumir o caos e o clichê dentro de cada um”.
Nuvilíneas apresenta ao leitor delicadeza do início ao fim com um projeto detalhista em sua experiência sensorial. Foi produzido artesanalmente da pintura à costura das páginas. Além de se encantar pelos relatos, o leitor irá apreciar colagens analógicas ao longo de sua leitura. Cada livro é acompanhado de um cartão postal com uma colagem exclusiva da autora que também é multiartista.
Sobre a autora: Lara de Paula é mineira de Sete Lagoas, além de escritora e poeta, é arqueóloga. É mulher negra, doutoranda em Antropologia – área de concentração em Arqueologia pela UFMG, que busca caminhos de cura ancestral a partir da ‘Arqueopoesia’, conceito criado por ela que nasce como um olhar feminista afrocentrado para o universo arqueológico científico, mas que se estendeu para a escrita poética. “A proposta é que a linguagem poética não seja utilizada apenas enquanto estética ou enquanto figura de apoio, mas realmente como a lente pela qual podemos falar sobre as coisas”, explica a autora. Lara de Paula, faz parte e da antologia “Poetas Negras Brasileiras” e da coletânea “Carolinas – A nova geração de escritoras negras brasileiras”, organizada por Julio Ludemir em parceria entre a Festa Literária das Periferias (Flup) e a Editora Bazar do Tempo. Na obra, o conto “Do trema à crase” é uma carta de Luzia, mulher mais antiga da América do Sul que viveu há 12 mil anos, à Maria Carolina de Jesus. O caminho de Lara de Paula foi traçado pela poesia marginal e independente, como na produção de zines e declamação em saraus. Seus principais trabalhos nesta linguagem são Gira só lar(a) e Arqueopoesia. A multiartista, atualmente, trabalha junto com Felipe Canêdo e André Di Franco no Filme sobre o incêndio do Museu de História Natural da UFMG.
Serviço:
Nuvilíneas, livro de Lara de Paula, 80 páginas
Preço: R$ 50,00
Como comprar: Através da plataforma Evoé, Venda livro Nuvilíneas de Lara de Paula | Evoé
Para mais informações: https://www.instagram.com/arqueopoesia
