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Parceria criativa entre Teatro Espanca e artistas negros e periféricos viabiliza espetáculos

by Gabriel Barros

Desenvolvido com o apoio do Teatro Espanca, ‘Banzo’, do multiartista Kiandewame Samba, traz em cena o desassossego e o estado de espírito das pessoas pretas durante o tráfico transatlântico para as diásporas. A programação on-line e gratuita neste sábado, 25, faz parte da parceria criativa do espaço cultural, da 5ª edição do Arte no Centro.

Neste sábado, 25, às 19h, o público poderá assistir à Banzo, cena teatral de Kiandewame Samba. O trabalho é resultado da residência artística do multiartista no espaço cultural Teatro Espanca. A parceria criativa faz parte do projeto do Arte no centro #5 que vai até maio de 2022 com a ocupação do espaço por residência artística, parcerias criativas, feiras e ensaios abertos dando continuidade ao trabalho da rede de artistas e coletivos que constroem a identidade do TEATRO ESPANCA. Para assistir ao espetáculo, acesse o canal do Espanca no Youtube: https://www.youtube.com/teatroespanca

Para Kiandewame, desenvolver Banzo em parceria com o Teatro Espanca, depois de tanto tempo de pandemia com os espaços culturais fechados, significa não estar sozinho: “está acontecendo em um momento muito oportuno, foi um processo de parar com tudo e agora, poder ir ao Espanca me preparar fisicamente, criar e colaborar está sendo incrível, me sinto acolhido”.

Alexandre Sena, um dos organizadores do Espanca, explica que a parceria criativa é um processo de maturar as ideias e aprofundar na proposta que o artista enviou no chamamento público. Para ele, é preciso viabilizar experimentos de pessoas negras, periféricas, LGBTQIA+: “é a gente fazendo, no sentido de acessar outros agentes. O Arte no centro, como um todo, é se colocar em lugar de construção e dúvida. Construir vem da dúvida e não das certezas, é importante se jogar no desconhecido compartilhado”.

Sobre o espetáculo Banzo- Banzo é um estado de espírito que se desenvolveu nas almas de pessoas pretas durante o tráfico transatlântico para as diásporas. Um desassossego espiritual cruel que assolava e assolam a existência negra pela tortura, fome, dor, a saudade de casa, tristeza e o não pertencimento – acarretando a morte. O causador dessa ruptura ainda opera e permanece nas estruturas de opressão, atormentando o negro pelo racismo, a falta do espírito cristão, maus condições de vida, econômicas, levando a acreditar na sensação de “conforto” mantendo sua alma nas mãos de obra branca. O espetáculo BANZO propõe trazer uma analogia dos efeitos da escravidão e o racismo, através do sequestro não apenas de nossos corpos mais da alma, da ruptura da terra, do poder das palavras modificadas , das negociações do negro como mercadoria e as mudanças de estado corpóreo para manter a hierarquização do esquecimento. A proposta cênica carrega a pesquisa de palavras do tronco etnolinguístico Bantu que compõem o espetáculo.

Sobre o artista- Kiandewame Samba é multiartista interdisciplinar que pertencente à tradição Africana de raiz Bantu o Candomblé de nação Congo-Angola em Minas Gerais; Tecnólogo em artes visuais, criador da Kilombismo – Arte e Cultura Negra seu trabalho tem como base as experiências e vivências relacionadas a tradição Afro-diaspórica e Kilombista. Estimula pensamentos sobre o corpo negro nas bases históricas da diáspora expressando sua vivência periférica e futurista. Sua finalidade é construir as potencialidades do corpo negro, levando em considerações conteúdos históricos, culturais, ecológicos, dinâmicas temporais, educacionais, e experimentações criativas emancipatórias a partir do território. Kiandewame é um dos consagrados pelo Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras de Belo Horizonte no ano de 2020 e o Prêmio Latinidades Pretas 2021. Contribuindo para as identidades culturais do nosso país.

Arte no centro #5- Nesta 5ª edição, o Arte no Centro propõe, com uma programação diversa e continuada no TEATRO ESPANCA, nos próximos 10 meses, a ocupação do espaço por residência artística, parcerias criativas, feiras e ensaios abertos dando continuidade ao trabalho da rede de artistas e coletivos que constroem a identidade do TEATRO ESPANCA e a manutenção deste espaço, seja pelo teatro, dança, música e audiovisual. Em uma aposta radical na diversidade, tanto nos temas sobre negritude, feminismo, culturas urbanas e periféricas, o projeto é realizado pelo Teatro Espanca com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e conta com patrocínio do UniBH.

Serviço:
Banzo
Data: 25 de setembro (sábado)
Horário: 19h
link do Youtube: https://www.youtube.com/teatroespanca

Imagem destacada: Aristeo Serra Negra

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