A música conta uma história sobre quem se perde nas drogas, já teve e tem personagens reais, como você vai conhecer nesta reportagem do Belorinews
O ano é 2021, e não viver esta realidade que se passa é o que muitos aceitariam caso tivessem uma chance de escolher por isso, mas deve-se ter cuidado com aquilo que te faz voar. É o que diz a canção “Ilusão Cracolândia”, gravada pelo DJ Alok em parceria com mais seis MC ‘s: MC Hariel, MC Davi, MC Ryan SP, Salvador da Rima e Djay W.
Essa turma canta a realidade de pessoas que recorrem às drogas para o alívio momentâneo de angústias ou da curiosidade. Motivos “compreensíveis” ou “fúteis” se encontram numa problemática que não tem raça, classe social ou idade e que merece preocupação, principalmente no atual momento em que a saúde mental de todos anda tão sobrecarregada.
O relatório mundial sobre drogas da ONU em 2020, mostra que 269 milhões de pessoas utilizam algum tipo de droga no mundo e cerca de 35 milhões sofrem transtornos relacionados ao uso de entorpecentes. O relatório ainda cita que com a pandemia da Covid-19, o desemprego no Brasil e em outros países aumentou, tornando as camadas mais pobres vulneráveis, já que podem ser incentivadas a cultivar e traficar drogas a fim de obter sustento, num país afogado em doenças, fome e desamparo.
“A Cracolândia tá lotada de curioso”
Voltando a falar sobre “Ilusão Cracolândia”, um trecho cantado com esta frase acima, infelizmente é uma realidade. Pessoas que seguem um caminho achando que não é nada demais e acabam se viciando e correndo diversos riscos. Exemplo de quem enfrentou isso, foi o André Eugênio da Silva, de 40 anos, pai de um filho de 2 anos. A liberdade, a vontade de ser aceito, foi o que o seduziu ao consumo da maconha aos 12 anos de idade.
“Eu era uma criança bem alegre, [antes das drogas] porque comecei usar droga com 12 anos. Me tornei quase um menor infrator e depois de reabilitado, eu tenho me tornado um homem com responsabilidades e com propósito. Eu achava que eu nunca ia comprar drogas, lembro que sempre pensava: ‘nunca vou na favela comprar um baseado.’ Quando eu me vi, eu estava indo na favela todos os dias na parte da manhã comprar drogas.”
“Não precisa morrer, pra falar com Deus”
Uma frase que se diz muito, que até pais falam com os filhos é: Droga, o fim disso é cadeia ou morte. O constante risco da morte para usuários é presente, seja numa ação policial, numa overdose, podendo ser assassinados por dever traficantes, mas no caso de André foi outro: o autoextermínio.
O suicídio é a terceira maior causa de morte de jovens no Brasil. No mundo, as notificações apontam para um suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, a cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida. Uma realidade devastadora quando se identifica o perfil das vítimas brasileiras: a maioria é homem, negro, com idade entre 10 e 29 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Felizmente, André não entrou para esta estatística, com a ajuda de amigos e da família conseguiu se reabilitar e hoje vive uma vida melhor.
“Pra aqueles que querem desistir da vida, porque não esperam mais nada dela, talvez, seja ela, que espera algo de você”
Assim se encerra a canção, com Alok, declamando esta frase. Bem antes dessa mensagem surgir no showbusiness, André seguiu este conselho e o caminho de sua felicidade.
“Achei que nunca mais conseguiria sair das drogas, até tentar suicídio, tentei porque não tinha mais prazer em viver, hoje eu posso dizer que a minha vida está entrando num lugar de grande contentamento. Eu posso ter a capacidade de fazer em Deus. Nele e através Dele, deixar um legado para meu filho, não uma situação financeira estável, mas um caráter para ele.”
A música “Ilusão Cracolândia” já possui mais de 172 milhões de visualizações no YouTube. Uma mensagem para alguns, um filme na cabeça de muitos. Assim como André viveu a realidade cantada pelos MC’s, muitas pessoas viveram, vivem e seguem a luta para que cada vez mais, percebam que o que a droga e todas as suas consequências negativas, não são o que a vida espera de você.
