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Cabelo: Histórias de mulheres reais

by Ana Flávia

Cabelos lisos e compridos sempre foram bem aceitos em nossa sociedade — cabelo bom — e o cabelo crespo sempre foi inferiorizado — cabelo ruim — desta forma, geraram um grande problema na autoestima e na aceitação de diversas meninas e mulheres. Esse pensamento é muitas vezes abordado dentro das próprias famílias, dificultando a aceitação do cabelo e das formas que ele assume. O resultado da insatisfação gera o uso de produtos para modificar os fios. Esses processos podem ter diversos nomes, mas a finalidade é a mesma: deixar o cabelo mais “arrumado”, “sem volume” ou mais “bonito”. Esses “rituais de beleza” sacrificam por muitas vezes os orçamentos das mulheres e até mesmo sua saúde e bem estar. Fizemos uma serie de matérias com mulheres que tem diferentes tipos de cabelo, todas elas falaram da sua relação com as suas madeixas e como a sociedade influenciou elas ao longo de sua jornada.

Entevista com Jeane Souza

“O bonito era cabelo liso e comprido! Era ruim e com uma pitada de incômodo pois a minha raiz crespa não era bem vista. Então, tive que me “adaptar”, tinha que relaxar, escovar e pranchar o cabelo todo o final de semana. E mesmo assim a minha raiz crespa não era aceita. Fato curioso que na balada ninguém se aproximava, mesmo com o cabelo liso ou algo próximo ao padrão “perfeito”.
Sempre tive muito cabelo! Durante a infância minha tia fazia penteado e tranças para conter todo o volume e manter mais tempo arrumado. Por que não era fácil desembaraçar todos dias aquela quantidade de cabelo [risos].
Na fase juvenil para adolescência eu já não gostava mais dos penteados e da forma como ela arrumava e minha tia também não, daí comecei a relaxar o cabelo, ficava lindo ao longo do tempo eu dei continuidade ao processo até o momento que a química deixou de ser minha “amiga”.
Depois da transição nasceu uma outra pessoa, com um outro olhar para tudo. Confesso que no início tinha vergonha e pensava que meu cabelo estava sempre desarrumado – pensamento ainda do padrão – mas ao longo do tempo me senti EU, negra, bonita, cujo o cabelo chamava atenção pela sua forma e volume.
Hoje eu me aceito do jeito que eu sou e reconheço a imagem linda que vejo no espelho. Miga, só aceita e vai ser feliz, porque o resultado é maravilhoso. A liberdade de ser quem você em qualquer horário, a imagem da liberdade no espelho e abraço carinhoso dos seus cachos é
SENSACIONAL. A única opinião que importa no momento da transição é a sua.”

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