Por: Ana Flávia da Silva
Hoje (14/12), a equipe do BeloriNews esteve no Talks Milton Nascimento. O Talks é uma roda de conversa em torno de um tema específico. Dentro desse painel foram realizados dois momentos, um na parte da manhã e outro a tarde. Os assuntos abordados foram voltados para a importância do Clube da Esquina, não só para o contexto de Belo Horizonte, mas também para a música brasileira como um todo.
Na parte da manhã esteviveram presentes Bruno Viveiros (História/UFMG/Estácio), Betânia Figueiredo (História/UFMG), e Verona Campos (Museologia/UFMG) que se reuniram para falar do tema “Música Amiga”. Em uma conversa bastante descontraída, o público teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o Clube da Esquina, e a exposição Canção Amiga que esteve aberta para visitação em 2018. O objetivo principal da mostra era trazer a ideia da música viajante, fazer com que isso dialogasse tanto com o público mais velho que teve a oportunidade de acompanhar o movimento e assim podendo relembrar os velhos tempos, quanto com os jovens, que em sua grande maioria, ainda não tinham conhecimento desse grande momento da música nacional. A exposição foi pensada de forma com que o visitante tivesse uma experiência completa com o Clube da Esquina. Foram usados elementos visuais, sonoros, e olfativos que levassem à uma viagem pelas ruas de Belo Horizonte e outras regiões do Brasil.
Em entrevista a nossa equipe, Betânia Ferreira contou um pouco mais sobre o movimento:
“O clube da esquina é super importante porque ele é uma espécie de ícone, um marco. Todo mundo que quer se referir a um som distinto, diferente no Brasil, fala da música do Clube da esquina. Ele faz um mescla de vários sons que são mais desprezados, esquecidos, como a toada caipira, sons africanos e ao reunir tudo isso, ele faz uma mescla e uma síntese super criativa da música de Minas.”
Bruno Viveiros nos contou sobre a importância do Clube no cenário musical do país:
“É uma música feita por músicos de Minas Gerais, que têm referências de Jazz, Beatles, Rolling Stones, do cinema, da literatura, então eu acho um pouco difícil falar de uma música mineira em si. O Clube da Esquina é importante porque ele estrapola essas referências. O Clube não é formado apenas de músicos mineiros. Tem Ronaldo Bastos de Niterói-RJ, Naná Vasconcelos de Pernambuco, e o próprio Milton Nascimento que é um cidadão do mundo. Sua música fala todos os idiomas. O Clube da Esquina é essencial para a música feita em Minas Gerais, no Brasil e no mundo de um modo geral. Um exemplo é o Toninho Horta. Ele é famoso em todo o mundo, um dia ele está em Tóquio, no outro em Moscou e no outro na Índia. É uma música que é ouvida porque é universal.”
No segundo momento do Talks Milton Nascimento, Pablo Castro (Músico), Luiz Henrique Garcia (Músico/Museologia/UFMG) e a Gerência de Promoção Turística da BELOTUR se reuniram para falar sobre o Clube da Esquina de um ponto de vista mais técnico, e crítico. Foram discutidos tópicos sobre a musicalidade, a importância do reconhecimento do movimento, a relação entre a música, o estado, o mercado e o público. Foram colocados em pauta os artistas que estão surgindo de Belo Horizonte e que a cada dia ganham mais visibilidade. Um dos pontos mencionados foi o cenário do Rap Brasileiro e mais especificamente de BH. A partir de toda discussão se teve um panorama sobre a música brasileira de uma forma abrangente. A roda de conversa foi fechada com o público entendendo que a cidade tem espaços para diversos movimentos musicais e que se limitar somente a um deles não é possível, um movimento não exclui o outro. Devemos sempre nos lembrar de nossas raízes, pois elas são fontes riquíssimas para toda a nossa sociedade.
Milton Nascimento irá encerrar a turnê Clube da Esquina em Belo horizonte amanhã (15/12) no Mineirão, com diversos convidados na capital de Minas Gerais, local onde o movimento se consolidou.
